Que Mistureba é essa?
Pode não parecer, mas é bem comum histórias que misturam mais de um gênero. Tanto em suas inspirações quanto na prática de sua execução. Vou falar aqui especificamente de obras que misturam Ficção Científica e Fantasia. Afinal, como isso pode funcionar? Bom, estou fazendo isso há alguns anos e acho que posso explicar. Afinal, “Vampiras de Nova-Rio” é exatamente isso. Mas como equilibrar ambos os gêneros?
Meu universo literário de Nova-Rio se passa majoritariamente no futuro, em um mundo pós Terceira Guerra Mundial. Tem forte inspiração no gênero Cyberpunk. No entanto, ao colocar vampiras nesse cenário, me recusei a dar explicações científicas. São criaturas amaldiçoadas, seres fantásticos. Ponto. Mas como inserir isso em um universo futurista? Bom, é só fazer!
Veja, o escritor tem total liberdade de trabalhar seu universo como bem entende. Não há motivo algum para ficar preso em amarras que inventaram, e o que mais tem é coach literário por aí dizendo o que fazer e o que não fazer.
Para começar, vou falar de algumas obras já consolidadas na cultura pop.
A Mistureba de Star Wars e Avatar
Star Wars é o caso mais emblemático dessa mistureba que estou falando. É um universo “futurista” onde há naves espaciais e exploração intergalática, mas também há um poder místico baseado na fé. É ficção científica? É fantasia? É os dois? Bom… ao meu ver, é apenas fantasia mesmo.
Vou começar essa parte do texto falando sobre duas obras que, embora pareçam misturebas, elas escolhem bem uma direção para seguir. Falo isso de Star Wars porque não há grandes explicações para a parte científica do universo. Tem naves, tem exploração espacial, e é isso. Sem grande aprofundamento. Sabe no que os filmes estão realmente preocupados? Com a FORÇA! A magia dos Jedis, a parte mística, fantástica. E embora em algum momento eles tenham tentado dar explicações científicas para isso (midichlorians kkkkkkkk), eles logo abandonaram essa ideia porque, né… Não precisa de muitas explicações.
O foco dessa saga é a mística.
Outro exemplo poderia ser Avatar. Ali nos é apresentado um planeta com uma população nativa rica em espiritualidade. Cultuam a terra onde vivem. Possuem uma conexão profunda com a natureza ao redor. E aí chegam os humanos em suas naves tecnológicas! Outra mistureba? Sim. Mas não em “perfeito equilíbrio”.
O foco do filme não está na parte mística. É a viagem espacial que interessa. A extração de minérios, a exploração de um povo considerado inferior. E há uma certa explicação científica para a parte fantástica. Há uma espécie de “consciente coletivo” neste planeta. Os animais, os nativos e as plantas são capazes de se conectar. Dessa forma, tudo se torna interligado por uma espécie de cérebro do planeta que conhece todos. Ou seja, até mesmo a parte que poderia ser mística, fantástica, a parte em que se exploraria os deuses dessa terra distante, Cameron está tentando dar alguma explicação científica.
Mas existe uma história mundialmente famosa e que tem essa mistureba em equilíbrio. Uma obra prima da arte, lembrada por muitos fãs de diferentes idades até hoje. Um clássico incontestável. Uma legítima fantasia com ficção científica feita por um mestre!
THOR da Marvel!
kkkkkkkkkkk
Brincadeira. Sim, Thor da Marvel é uma fantasia, o martelo dele é mágico. Mas no primeiro filme a Marvel tenta dar explicações científicas. Mas não, não era dele que eu estava falando. Mas sim de…
Dragon Ball!
A premissa do mangá/anime é totalmente fantástica. Existem 7 Esferas do Dragão, todas elas mágicas. Quem as juntar poderá evocar uma criatura lendária, o dragão Shenlong. Em Dragon Ball, Shenlong tem a capacidade de realizar o desejo de quem o evocar. E portanto, heróis e vilões estão sempre em busca das esferas mágicas.
Até aqui, é tudo fantasia. Certo? Mais ou menos. A forma como Goku encontra as esferas é por meio de um aparelho tecnológico capaz de rastrear o pulso eletromagnético das esferas. Além disso, mais pra frente no anime, descobrimos que há uma explicação “científica” para o fato do protagonista ter uma cauda de macaco. Ele é um alienígena. E sua espécie é uma das mais evoluídas do universo, chegando ao ponto de explorarem outros planetas por meio de naves espaciais.
Veja, diferente de Star Wars que “ignora” o lado científico para focar totalmente na fantasia dos jedi, ou mesmo Avatar que dá explicações científicas até mesmo para a fé dos nativos, em Dragon Ball há um equilíbrio na mistureba. Goku é um extraterrestre que usa uma máquina tecnológica para encontrar esferas mágicas e evocar uma entidade folclórica.
Ou seja, há diversas formas de se fazer essa mistureba. Seja escolhendo uma direção específica e focar nela, ou abraçar os diferentes gêneros de forma igual. Vou mostrar agora como eu fiz no meu universo literário.
O Universo de Nova-Rio!
Primeiramente: não é necessário ler uma obra para entender a outra. Isso aqui não é Marvel, não é um esquema de pirâmide. Cada obra é suficiente. O que há, no entanto, são ligações entre elas.
Minha primeira obra publicada na Amazon se chama “Assombrado.mind”. A história se passa no futuro, em uma cidadezinha chamada Beira-Mar. A protagonista é uma policial que se mudou da capital do estado e foi morar nessa pequena cidade costeira. A capital, por sinal, se chama Nova-Rio. Embora a história não passe nessa cidade, ela já é mencionada logo na minha primeira obra.
Ali eu apresento certos conceitos que poderão (ou não) aparecer em obras futuras. No entanto, Assombrado.mind termina em seu próprio ebook, não há continuação, não há “cenas pós-credito”, nem pontas soltas. A protagonista não retornará. É uma obra de arte suficiente por si só.
Meu próximo lançamento foi “Sangue e Brasa”, uma antologia de contos de fantasia histórica. Dessa vez eu deixei o futuro de lado e embarquei em uma aventura no passado. Uma não, cinco aventuras. Ao longo dos cinco contos eu abordo tanto a história do Brasil quanto suas lendas e mitos. Sem nada científico, o que me interessa aqui é a fantasia do nosso país!
Os contos são independentes entre si. E o livro igualmente em relação ao resto das obras. No entanto, você deve estar se perguntando… e onde que uma fantasia histórica se encaixa em um universo literário futurista? Pois bem, o que aconteceu no passado influencia o futuro.
Meu terceiro lançamento se chama “8:32”. Aqui eu volto para o futuro. E é onde eu mostro, pela primeira vez, a cidade de Nova-Rio! Mas o conto é curtinho, focado em uma sala de interrogatório com apenas dois personagens centrais. Um pastor é assassinado, sua viúva quer respostas, mas ela é a principal suspeita. Um detetive a interroga e é isso. Quem é o culpado? Só lendo pra saber, hehehe.
Em 8:32 eu dei apenas um gostinho de Nova-Rio, nada além disso. Mas já dava pra sacar a vibe que eu queria passar com o meu universo literário. Nesse conto aparece um personagem que é apenas mencionado em Assombrado.mind. Precisa ter lido o Assombrado? Não, não precisa. Quem leu vai se lembrar que ele já foi citado lá, tem sua importância. Quem não leu, não perde absolutamente nada. E essa é a graça de um universo compartilhado.
Mas e agora com o Vampiras de Nova-Rio? Como que isso tudo se conecta?
A Mistureba!
Em Sangue e Brasa, especificamente no último conto, eu apresento aos leitores um padre interessado em pesquisar e investigar criaturas místicas. Ele anota em seu caderno tudo o que descobre. Seu nome é João Daniel, mais conhecido como Padre Jão Daniel. Seu caderno, repleto de informações sobre criaturas e lendas, foi bastante útil para a protagonista do último conto. Mas não para por aí.
Esse caderno reverbera pelas décadas, pelos séculos. O que antes era apenas um caderno torna-se o “Caderno de Jão Daniel”. Então o “Livro de Jão Daniel”. Mais um século se passa e ele se torna o “Grimório de Daniel”. Nos tempos do futuro ele passa a ser conhecido como o “Lendário Grimório de Daniel”, um manual que ensina como enfrentar criaturas místicas, incluindo vampiros.
E aí está nossa ligação. Afinal, se haviam criaturas no passado, onde elas estariam no futuro? Eis que surge Vampiras de Nova-Rio para te responder isso. A trama gira em torno de um casal de vampiras buscando sua sobrevivência. Alguém está caçando e aniquilando os últimos clãs vampíricos do país. Elas precisam, antes de tudo, descobrir quem está atrás delas e então revidar, ou fugir.
Que Capa Maravilhosa!
Essa mistureba de ficção científica com fantasia resultou em uma capa incrível feita pelo Auryo Jotha. Eu gostaria de focar aqui na tipologia do título. As fontes foram escolhidas minuciosamente para transmitir o que é necessário.
“Vampiras de Nova-Rio” é escrito com duas fontes diferentes. A palavra “Vampiras” usa a mesma fonte que “Sangue e Brasa”. Isso porque as vampiras são o elemento fantástico da história e fazem ligação direta com o passado do universo e com esse livro específico. Já “de Nova-Rio” é escrito com a mesma fonte de “Assombrado.mind” e “8:32”, e isso porque são essas duas obras que pertencem ao mesmo tempo dentro da cronologia. Ambos são posteriores à destruição do Rio de Janeiro e sua reconstrução, originando Nova-Rio.
A mistureba de gêneros funciona porque não é exatamente uma mistura homogênea. Cada elemento fica no seu canto, e o conflito surge justamente quando ambos elementos se chocam. E é desse atrito que emerge a trama de Vampiras de Nova-Rio. Portanto, a escolha das fontes para compor o título foi estratégica.
Vampiras no Futuro?
Eu não fiz um hard scifi onde tudo tem uma explicação minuciosa. Existem carros voadores e eu não preciso explicar como eles funcionam. Tá lá, acredita que funciona. Mas ainda assim, há elementos fortes na história, principalmente perto do final do livro, em que a tecnologia e suas explicações se tornam relevantes. Tanto quanto a presença das vampiras.
Essas, por sua vez, remetem a um passado esquecido. Uma era onde fadas, sacis, lobisomens e caiporas andavam pelas florestas junto aos caçadores e exploradores. Uma era deixada para trás. E é ao longo da jornada deste livro que as protagonistas perceberam quem fez isso ao longo dos séculos. Quem ainda está fazendo, quem está as perseguindo.
O confronto entre a ficção científica e a fantasia resulta no conflito central da obra. É disso que “Vampiras de Nova-Rio” é feito. Uma bela mistureba de gêneros.
E aí? Se interessou pelo livro? Perde tempo não. Vai lá ler, vai.
Link: https://www.amazon.com.br/dp/B0DCRDSBTD
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